O site Wikileaks decidiu divulgar o pacote com mais de 250 mil telegramas de embaixadas americanas depois que o arquivo já havia sido colocado na internet por terceiros. Segundo o jornal alemão “Der Spiegel”, um descuido do Wikileaks e outro descuido de um jornalista do “The Guardian” teriam resultado no vazamento das informações.
O jornal britânico “The Guardian” foi uma das publicações que recebeu o pacote de telegramas de forma privilegiada e que colaborou com o Wikileaks para remover nomes e outras informações sensíveis dos documentos.
Vazamento da senha
O repórter David Leigh, que trabalha para o “The Guardian”, publicou um livro sobre o Wikileaks. Leigh detalha como Julian Assange, líder do Wikileaks, anotou em um pedaço de papel a senha para um arquivo secreto contendo as versões originais e sem edição dos 250 mil telegramas.
No livro, o jornalista revela que a Assange entregou um papel contendo o texto “ACollectionOfHistorySince_1966_ToThe_PresentDay#”. Assange teria dito que “essa é a senha, mas você ainda precisa colocar a palavra ‘Diplomatic’ antes da palavra ‘History’. Entendido?”
Assange iria passar um link para o download do arquivo protegido mais tarde. Leigh publicou a senha porque disse acreditar que o arquivo não estava em circulação.
Vazamento do arquivoJulian Assange colocou o arquivo original com os telegramas em uma pasta oculta no servidor do Wikileaks para a qual não existia nenhum link externo.Quando o site começou a publicar os telegramas e foi imediatamente alvo de ataques, Daniel Domscheit-Berg, que era porta-voz do Wikileaks, recolheu os arquivos do servidor e distribuiu para encorajar internautas a criarem sites clones do Wikileaks, de modo a impedir que a circulação da informação fosse limitada pelos ataques.Entre os arquivos estava a informação protegida pela senha publicada no livro do jornalista do "The Guardian". Quando o livro foi publicado, portanto, as duas informações estavam disponíveis.Wikileaks conduziu votação no Twitter com as tagsLigando as informaçõesDaniel Domscheit-Berg e Julian Assange entraram em desacordo sobre o Wikileaks.Domscheit-Berg deixou a organização, fundando o site “concorrente” OpenLeaks.Segundo o jornal “Der Spiegel”, simpatizantes do OpenLeaks começaram a comentar sobre a possibilidade de os telegramas estarem disponíveis na internet, como prova de que o Wikileaks não poderia ser confiável.Em seguida, a “Der Freitag”, uma publicação semanal alemã, foi informada sobre a presença da senha do arquivo no livro de David Leigh e publicou uma reportagem sobre o assunto, deixando claro que todas as partes necessárias para obter a informação estavam disponíveis publicamente. A “Der Freitag” é uma parceira do OpenLeaks.Sabendo disso, o Wikileaks realizou uma votação no Twitter para publicar todos os telegramas em uma versão não-editada, já que tudo estava disponível de qualquer forma. O “The Guardian” nega sua parcela de culpa, afirmando que a senha teria sido temporária e que o Wikileaks teve tempo suficiente para tirar o arquivo de seus servidores.O “Spiegel” considera que o caso “não é nada menos que uma catástrofe” para os sites como Wikileaks e OpenLeaks, citando riscos para a vida das pessoas que terão seus nomes divulgados nos telegramas.“Nenhum se sentirá confortável para expor informações nessas plataformas de vazamento agora. Elas parecem estar fora de controle”, afirmou o jornal alemão, que também estava entre as publicações privilegiadas para publicar e editar os documentos.
Fonte: G1.globo.com/tecnologia
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