Depois do primeiro encontro oficial com Eduardo, seu atual namorado, a publicitária Maria Clara Oliveira demorou uma semana para conseguir vê-lo de novo. Mas, quando isso aconteceu, a sensação foi mais de matar a saudade do que de conhecer melhor o pretendente. "No primeiro encontro, trocamos MSN. A gente ainda não sabia quando ia conseguir se ver de novo, mas passamos horas batendo papo pela internet todos os dias. Além de ficar sabendo de todas as histórias de infância, família, escola e das ex-namoradas, ficamos de chameguinho mesmo. Sempre desligava com o maior sorriso no rosto", diz. "Quando finalmente o vi de novo, parecia que a gente se conhecia há meses". Perfis em redes sociais, comunicadores instantâneos, mensagens de texto para celulares e demais ferramentas de comunicação estão mudando o ritmo dos relacionamentos: o que se levaria três encontros para conversar, agora entra em pauta depois de algumas horas. Horas de bate-papos virtuais podem equivaler a encontros reais na construção do afeto e da intimidade de um casal?
"Dependendo da qualidade, sem a menor dúvida", diz a psicóloga Luciana Nunes. "A onipresença é o que mais conta. Antes, o próximo encontro acontecia no máximo no dia seguinte. Hoje, com mensagem de texto, twitter, etc, essas 24 horas que seriam intervalo entre um encontro e outro podem ser preenchidas com presença e proximidade". A também psicóloga Alessandra Menezes acredita que não se trata de substituir uma coisa pela outra. Mas de abrir um novo canal. "A vida corrida e agitada pode atrapalhar o sujeito de se em encontrar com aquela pessoa amada. Dessa forma utiliza-se a internet para mandar aquele recadinho ou fazer um bate-papo", afirma. "A comunicação online facilita para trocar informações práticas e também pra dizer lindas palavras, o que às vezes o amado se engasga pra dizer pessoalmente, principalmente para os tímidos".
A ideia de que o namorinho através da tela está fadado à superficialidade não encontra eco na experiência de Maria Clara Oliveira, cujo namoro já dura três anos. "O afeto que criamos naqueles primeiros meses veio muito mais rápido do que em outras relações que tive, mas não senti nenhum prejuízo de qualidade não", conta. Para a psicóloga Luciana Nunes, não há nada que impeça que a intimidade e o afeto construídos online sejam verdadeiros e sólidos. "Por causa das próprias ferramentas da internet, existe esse movimento de auto-revelação. As pessoas tendem a falar mais de si, a criar uma proximidade. Isso cria um pacto emocional, uma cumplicidade, que gera necessariamente uma troca afetica. Na hora em que isso bate, cola, você cria uma intimidade. Não é uma falsa intimidade"
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